Centenas de servidores públicos municipais, estaduais e federais protestaram no início da noite desta quarta-feira (18) contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32/2020, a chamada reforma administrativa, na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre.
O ato foi promovido pela CUT-RS, centrais sindicais, Frente dos Servidores Públicos (FSP-RS) e movimentos sociais, marcando o encerramento de um dia inteiro de greves e mobilizações na capital gaúcha e em várias cidades do Brasil. A proposta, que destrói e privatiza serviços públicos, pode ser votada no final deste mês na Câmara dos Deputados.
Munidos de faixas, cartazes, adesivos e bandeiras, além de instrumentos musicais de grupos de estudantes, as entidades e os movimentos denunciaram as maldades da PEC 32, bem como da Medida Provisória (MP) nº 1045, que é a reforma trabalhista do governo Bolsonaro, aprovada na Câmara no mesmo dia em que derrubado o voto impresso para as eleições de 2022.
Não tem mal que não termine
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, celebrou a unidade dos servidores, alertando que “é preciso tirar não só o Bolsonaro, mas também o governo e todos os governos neoliberais que fazem mais do mesmo, que é vender o nosso patrimônio público, as nossas estatais e agora os nossos serviços públicos”.
O dirigente sindical frisou que, “através dos serviços públicos, tem bilhões de reais que interessam ao setor privado, aos capitalistas e aos especuladores, que só sabem viver tirando o dinheiro dos outros: ou dos trabalhadores ou dos orçamentos públicos”.
“Nós não vamos deixar passar, nós vamos resistir. Não tem mal que não termine e nós vamos tirar o Bolsonaro, de uma forma ou de outra. Queremos antecipar o fim do seu governo com impeachment, nas ruas, e com uma greve geral que vamos construir neste país”, salientou Amarildo.
“Seguimos nas ruas, seguimos na luta. E vem aí o 7 de setembro, de reafirmação da pátria para o povo brasileiro. Juntos vamos construir um país de direitos, justo, soberano, sem Bolsonaro, sem milicos governando, e o povo no poder”, concluiu o presidente da CUT-RS.
Houve também manifestações de dirigentes de centrais, sindicatos, movimentos estudantis e partidos de esquerda. Também falaram o ex-prefeito Raul Pont (PT), a deputada Sofia Cavedon (PT) e o vereador Pedro Ruas (Psol).
Raul Pont destacou que os serviços públicos foram e seguem fundamentais para o desenvolvimento do país. “Hoje os serviços públicos estão sendo degradados para serem entregues ao setor privado”, criticou.
Plebiscito popular
Não faltaram protestos contra os aumentos dos preços dos alimentos e dos combustíveis, o desemprego, a fome e as privatizações, como os projetos de venda dos Correios, da Corsan e da Carris, dentre outras empresas.
O vice-presidente da CUT-RS, Everton Gimenis, disse que Bolsonaro, o governador e o prefeito Sebastião Melo (MDB) executam a mesma política neoliberal e entreguista do patrimônio da população. Ele anunciou o ato de lançamento do plebiscito popular sobre as privatizações no RS, a ser realizado na próxima segunda-feira (23), ao meio-dia, na Esquina Democrática.
Teve ainda distribuição do gibi do pesadelo da reforma administativa, produzido no Rio Grande do Sul e já reproduzido em São Paulo e Pernambuco.
Vigília e ato no Palácio Piratini
Já no início da tarde, em meio a pancadas de chuva, as centrais sindicais e os servidores públicos realizaram uma vigília com um ato simbólico em frente ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.
O secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo, denunciou os malfeitos da PEC 32 para toda a sociedade. “Ela liquida o serviço público e os servidores. Eu, como usuário do Sistema único de Saúde (SUS), fico muito preocupado. Esse conjunto de medidas vai destruir a educação e a saúde”, disse.
Nespolo criticou a política do governador em relação aos serviços públicos. “Essa gente que está aí no Palácio diz que se preocupa, mas isso é só na hora da eleição. Passou a eleição, eles querem fazer negócios com a saúde e a educação, eles não têm compromisso com o povo”, afirmou.
Ato no HPS
O primeiro ato do dia aconteceu no final da manhã, debaixo de chuva, em frente ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), o maior símbolo de atendimento do Sistema Único de Saúde na região metropolitana de Porto Alegre. A mobilização foi um alerta sobre as consequências da PEC 32, caso ela seja aprovada no Congresso.
Por isso, não faltou pressão para que os parlamentares votem contra essa proposta, que se encontra hoje tramitando na Câmara. “Deputado: quem vota contra os serviços públicos não volta”, dizia uma das faixas.
A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, classificou a PEC 32 como uma porta escancarada para a privatização da educação e da saúde. “Essa PEC não serve para nós, nem para a população, que é a que mais precisa das políticas públicas e que ficará mais desassistida. Hoje é dia de luta, de paralisação e de greve. Que todos venham para a mobilização para que possamos derrotar essa proposta”, observou.
Fonte: CUT RS