Encontro teve como objetivo abrir o diálogo sobre as questões que atingem os trabalhadores brasileiros em empresas chinesas instaladas no Brasil, além de aprofundar as relações entre os países
A Central Única dos Trabalhadores (CUT), recebeu nesta segunda-feira (15), lideranças sindicais da All-China Federation of Trade Unions (ACFTU), a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Chineses, que representa mais de 200 milhões de trabalhadores e trabalhadoras daquele país. O encontro serviu para estreitar e aprofundar as discussões que atingem os trabalhadores brasileiros em empresas chinesas instaladas no Brasil, além de alinhar as principais discussões que envolvem os dois países em âmbito político e social, confirmando a presença dos trabalhadores e trabalhadoras nesse diálogo.
O presidente da CUT, Sérgio Nobre, explicou aos dirigentes chineses que a reindustrialização do Brasil é um grande desafio para todos, e que a parceria com a China é central nesse processo e neste momento.
“No mundo globalizado, tal como vivemos, a boa relação entre os dois países é fundamental, e para prosperar nos projetos de cooperação econômica precisamos estreitar as relações entre os sindicatos [do Brasil e da China]”, afirmou Nobre.
O secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, explicou que o canal de diálogo com os sindicatos chineses facilitará alguns processos de negociação necessários, tal qual hoje é feito, por exemplo, com empresas alemãs instaladas no Brasil.
“Já temos uma experiência bem sucedida nessa linha. Um banco, instalado aqui, comprado por uma empresa chinesa, demitiu um trabalhador, dirigente sindical, e nós conseguimos falar com o sindicato chinês e reverter a demissão”, conta Lisboa.
O secretário afirmou ainda que um outro aspecto tratado com os chineses foi a possibilidade de uma missão composta por novas lideranças sindicais em viagem à China para intercâmbio de experiências, isso entre o fim deste ano e o início do próximo.
O Primeiro Secretário da ACFTU, Xu Liupping, afirmou que a “parceria estratégica global (nas relações diplomáticas entre a China e o Brasil), está desenvolvendo um importante papel não só para os dois países, mas para a paz e o desenvolvimento sustentável de todo o mundo”, e recebeu bem a propostas dos dirigentes sindicais brasileiros.
“Estou de acordo com os companheiros que teremos cada vez mais cooperação de alto nível nesse intercâmbio. É a minha primeira vista ao Brasil; conheço pouco. E estou testemunhando passos grandes nas relações entre os dois países, investimentos grandes da China aqui, e uma grande presença chinesa na economia. Resolver os problemas de interesse do trabalhador no primeiro instante possível faz bem para a prosperidade do projeto. Estamos alinhados”, afirmou Liupping.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, chamou atenção para as discussões que precisam ser feitas para que o Brasil consiga exportar produtos de valor agregado para a China, e não majoritariamente commodities, como funciona hoje. Para isso, propôs que seja criado um grupo de trabalho intermediado pelas embaixadas dos dois países com técnicos dos sindicatos.
“Estamos sendo procurados por empresas chinesas que querem instalar suas fábricas no Brasil, em especial da região do ABC, como empresas de carros elétricos. Os investimentos chineses precisam contar com a participação dos trabalhadores, uma conversa que precisa continuar e dar frutos concretos”, ponderou o presidente dos metalúrgicos do ABC.
Também estiveram presentes ao encontro representantes dos ramos de petróleo, química e educação.
Encontro com centrais sindicais
Pela manhã, os dirigentes da ACFTU foram recebidos por lideranças das seis principais centrais sindicais do país para abrir um diálogo que conduza a uma agenda comum com todas as centrais. Além de Sérgio Nobre, participaram do encontro os presidentes Antonio Neto (CSB); Adilson Araújo (CTB); Miguel Torres (Força Sindical); Moacyr Roberto Todeschini (NCST Brasil) e Ricardo Patah (UGT).
No evento, o presidente da IndustriALL Global Union, Aroaldo de Oliveira da Silva, lembrou que em 2024 completa-se 50 anos das relações diplomáticas Brasil-China, e que hoje um dos temas emergentes entre os países é a crise climática, cujo os maiores afetados são os trabalhadores e trabalhadoras.
“Precisamos aprofundar o debate sobre a transição energética justa. No próximo ano teremos a conferência do clima (COP30), que será realizada em Belém do Pará, e até lá devemos fazer muitos encontros para garantir o trabalhador no centro desse debate”, afirmou Silva.
Fonte: CUT