O ex-governador Eduardo Leite (PSDB) foi eleito para o governo do Rio Grande do Sul neste domingo. Leite, que havia renunciado no final de março para buscar a candidatura à presidência da República, é o primeiro mandatário do Estado a ser reeleito.
Com 99,98% dos votos apurados, Leite fez 3.686.431 votos (57,12% dos válidos) contra 2.767.607 (42,88%) do seu oponente, o ex-ministro e deputado bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL). A eleição matemática do governador foi confirmada às 19h pelo TRE.
No palanque da vitória, Leite reuniu representantes do MDB – seu vice é o deputado estadual emedebista Gabriel Souza – do Progressistas, do PSD e de outros partidos que apoiaram a campanha do ex-governador.
O governador eleito fez um discurso de unidade, incluindo o “voto crítico” do PT. “Agradeço ao MDB e a todos os partidos que estiveram conosco. PSDB, PSD, União Brasil, Cidadania, a adesão do PSB, do PDT, do Solidariedade e o voto crítico do PT, que vem na convergência, se não de um programa, da democracia, do respeito e do diálogo”, disse.
Leite também agradeceu o telefonema de Onyx, que reconheceu a derrota e desejou sucesso na gestão. “Sou consciente que os votos que recebemos não validam integralmente a nossa agenda, o que reforça a necessidade de um governo ainda mais aberto ao diálogo para representar todos que votaram. Seremos um governo aberto a ouvir também os que não votaram em nós”, assegurou.
Perguntado sobre seu voto para presidente, Leite se esquivou de responder – embora tenha dado indícios de que votou no presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Não vou revelar não por ter vergonha do meu voto, mas por ser líder de um projeto político. Mas posso assegurar que votei pela democracia e pelo respeito às instituições”, afirmou.
Sobre a eleição de Lula, disse que respeita o resultado e que, na transição, vai procurar o presidente eleito para conversar sobre os temas de interesse do estado. Leite disse que seu foco está “integralmente” no Rio Grande, mas ressalvou que pretende participar do debate nacional.
“O Rio Grande do Sul sempre teve participação no debate nacional. E claro que vou ter participação. Mas nunca estará acima dos interesses do Rio Grande. Se for para ter [uma agenda nacional], será em defesa dos interesses do Estado, dos gaúchos. Não será um projeto de mim mesmo”, afirmou.
O clima no comitê central de Leite estava muito diferente do primeiro turno. Além do calor, que resultou em uma forte chuva no final da tarde, o ânimo dos apoiadores era visivelmente melhor porque desde as primeiras parciais o ex-governador se manteve na frente de seu adversário.
Antes das 18h, com 25% das urnas apuradas, Leite já abria nove pontos sobre Onyx nos votos válidos: 54% a 45%. Com metade dos votos já contabilizados e uma diferença de onze pontos, os militantes tucanos começaram a entoar o jingle da campanha em frente ao comitê. O ex-governador acompanhou a apuração de seu apartamento na zona sul de Porto Alegre.
O governador eleito chegou ao comitê de campanha logo depois que a vitória foi garantida matematicamente. Às 19h o TRE confirmou a vitória matemática de Leite, que alcançou 57,1% dos votos com 90% das urnas apuradas. Lorenzoni tinha 44%.
Leite é filiado ao PSDB desde o final dos anos 1990 e iniciou sua carreira política como suplente de vereador em Pelotas, em 2004. Logo depois, integrou a administração municipal, primeiro como assessor e secretário interino e depois como chefe de gabinete nos governos de Bernardo de Souza e Fetter Júnior. Em 2008, foi eleito vereador e presidiu a Câmara Municipal de 2011 a 2013.
Após alcançar a suplência de deputado estadual em 2010, Leite disputou e foi eleito prefeito de Pelotas em 2012, permanecendo no cargo durante quatro anos. Em 2018, foi eleito governador do Rio Grande do Sul no segundo turno com 53% dos votos válidos, derrotando o então governador José Ivo Sartori (MDB).
Além de ser um dos governantes mais jovens da história do estado, é o primeiro governador brasileiro declaradamente homossexual. Ele tornou pública sua orientação sexual em julho de 2021, em uma entrevista ao jornalista Pedro Bial, da Globo, quando tentava se lançar candidato à presidência da República.
Fonte: Sul21 via CUT RS
Foto: Joana Berwanger/Sul21