Ato da CUT e centrais contra os juros altos reforça luta para derrotar Bolsonaro

Protesto em frente à sede do Banco Central em SP denunciou a política econômica de Bolsonaro e a alta da Selic. Sindicalistas prestaram apoio à greve dos motoristas e solidariedade a Dom e Bruno

Contra a as latas taxas dos juros no Brasil, a Selic, e contra a carestia, a CUT e as centrais Força Sindical, UGT, NCST e CTB realizaram um ato na manhã desta terça-feira (14) na Avenida Paulista, em frente à sede do Banco Central, onde acontece nestes dias (terça e quarta-feira) a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que deverá anunciar mais uma alta da taxa. A Selic deverá passar dos atuais 12,75% para 13,25%.

Em um momento de crise econômica aprofundada, desemprego que atinge mais de 11 milhões de trabalhadores e a taxa de inflação que está há nove meses seguidos está acima dos dois dígitos, aumentar a Selic, significa estrangular ainda mais já trágica condição econômica dos brasileiros, em especial os mais pobres, que são os mais impactados pela disparada dos preços.

“Cada 1% que aumenta a taxa de juros quase R$ 40 bilhões por ano que são transferidos dos pobres para o sistema financeiro”, afirmou o presidente da CUT, Sérgio Nobre, durante o protesto.

Além do dirigente, várias lideranças sindicais dialogaram com as centenas de pessoas presentes sobre os prejuízos para o Brasil por causa da alta taxa de juros, explicando que à medida em que sobe a Selic, tudo fica mais caro, inclusive a cesta básica.

Ou seja, o aumento da taxa, que segundo o governo é para conter o consumo e, consequentemente segurar a inflação, além de não resolver a questão dos preços altos ainda está impedindo que mais brasileiros consigam colocar comida na mesa. Com menos consumo, a produção é afetada e a medida ainda vai gerar mais desemprego.

“Esse ato é muito importante neste dia e deixamos claro que é [um ato] contra Bolsonaro, Paulo Guedes [ministro da Economia], e contra esse governo de morte e destruição”, reforçou Sérgio Nobre.

E a manifestação teve justamente esse objetivo: denunciar a política econômica atual. Os dirigentes apontaram que o único caminho para que o Brasil saia da crise e retome o rumo do desenvolvimento, da geração de emprego e, principalmente, tenha políticas que garantam que os brasileiros terão condição de comer, se alimentar, é derrotando nas urnas o atual governo.

“A gente aposta em um projeto que aponte para o desenvolvimento. A bandeira de luta do nosso povo é fazer valer a construção de um país mais humano e menos desigual. O caminho é ‘fora Bolsonaro’”, disse o presidente da CTB, Adilson Araújo.

Reforçando a urgência em eleger um governo que represente os interesses da classe trabalhadora, neste momento personificado pelo ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto, o presidente da UGT, Ricardo Patah alertou que é fundamental “conscientizamos a classe trabalhadora que é preciso mudar os rumos do país, que hoje só valoriza o mercado e não enxerga o desempregado, o povo em situação de rua”.

“Vamos levantar a sociedade e rumar para a grande vitória de outubro, com Lula”, completou o dirigente.

Palavra de ordem

“Mais de 33 milhões de pessoas estão passando fome hoje no Brasil”, “metade das mulheres não sabe o que vai dar para o filho comer amanhã” e “o Brasil produz muitos alimentos e o povo passa fome”, foram fatos citados pelas lideranças na Avenida Paulista.

Sérgio Nobre lembrou ainda que “o povo está sofrendo, famílias inteiras estão dormindo nas ruas, o desemprego está chegando em cada família e não podemos ficar calados”.

“O momento é muito difícil e agora não tem saída se não for a luta”, disse o presidente da CUT.

E parte da luta se faz chamando a atenção da sociedade, do empresariado e denunciando os desmandos deste governo. A afirmação foi feita pelo Secretário-Geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. “A manifestação é clara e contra a política econômica e contra o governo de Bolsonaro – governo sem vergonha e que nos envergonha”, disse o sindicalista. 

“O importante é estar nas ruas para conscientizar que temos que levar esse debate das ruas para as urnas”, ressaltou Juruna em referência a eleger Lula em outubro. “Em outubro podemos modificar essa política, eleger alguém comprometido com a causa e hoje, sem dúvida, quem pode é Lula”, pontuou.

Levante

Dia movimentado e de luta para a classe trabalhadora, a terça-feira amanheceu, em São Paulo, com a greve dos condutores – os motoristas de ônibus – da capital paulista que cobram reajuste de 12,47% e que enfrentam resistência do setor patronal que, conforme lembrou o presidente da CUT na Avenida Paulista, deixando claro que o contra alta dos juros teve também esse objetivo – de solidariedade à categoria.

“Parabéns aos condutores que lutam pela dignidade de poder sustentar a família. Nem a inflação querem repor nos salários e aqui, hoje [no Banco Central] vão aumentar a taxa de juros”, disse Sérgio Nobre.

Paralelamente, um ato também foi realizado em frente à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), no centro velho da cidade, onde as ações da Eletrobras foram colocadas à venda.

“Estão vendendo a Eletrobras, privatizando, entregando para empresas estrangeiras, e para o sistema financeiro. Vai faltar energia, o povo vai pagar mais caro. O povo brasileiro hoje tem que escolher se vai pagar conta de luz ou se vai comer. Tem lugar vendendo botijão de gás em três parcelas porque o povo não consegue comprar. É uma vergonha para o país”, disse o presidente da CUT.

Dom e Bruno

As lideranças sindicais ainda manifestaram solidariedade ao indigenista Bruno Pereira e ao jornalista Dom Phillips, desaparecidos desde a manhã do domingo na Amazônia.

“Queremos manifestar indignação com o tratamento que está sendo dado à família de Dom e Bruno. Indícios mostram que foram vítimas de grileiros de terras que se arvoraram por conta do Bolsonaro a invadir terras índigenas”, disse Sérgio Nobre.

“O descaso mostra aquilo que já falamos. Bolsonaro autorizou as milícias a atuar na periferia matando a população pobre e os criminosos que tomam conta da Amazônia. Exigimos esclarecimentos”, concluiu o dirigente.

Fonte: CUT

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