Em ato das centrais, CUT-RS protesta contra descalabro no INSS e desmonte dos serviços públicos

“O caos e o descalabro dentro do INSS são impressionantes”, afirmou o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, durante o ato que marcou o Dia Nacional de Mobilização contra o Desmonte do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), realizado nesta sexta-feira (14), no Rio Grande do Sul. A mobilização, que teve distribuição de panfletos, ocorreu em frente ao prédio do Instituto, na Travessa Mário Cinco Paus, no centro de Porto Alegre. Houve também protestos em São Leopoldo, Ijuí e Taquara.

Ele deu um exemplo do desmonte que não deixa dúvidas. “Essa sede do INSS tem 26 andares e 2/3 estão fechados. O sistema operacional implantado nos computadores para atendimento ao público não roda direito e o número de funcionários é insuficiente. Não substituíram os aposentados. Isso demonstra claramente o descaso e o desmonte do INSS”, disse Amarildo.

Não é à toa que cerca de dois milhões de brasileiros aguardam a liberação de pedidos de aposentadoria, pensão, salário-maternidade e auxílio- doença, dentre outros benefícios.

Para o dirigente da CUT-RS, essa destruição visa atender os anseios dos bancos, ávidos em abocanhar a contribuição previdenciária da classe trabalhadora. “Primeiro eles aprovaram a reforma da Previdência com o intuito de viabilizar o orçamento e o déficit público, o que é uma grande mentira.”

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“Agora estão descapacitando o INSS para que o povo fique um ano na fila sem ser atendido. É tudo parte de um jogo do Bolsonaro para empurrar um serviço essencial à população para as mãos do sistema financeiro. A sociedade precisa saber disso, é um problema de todos os brasileiros”, alertou.

Amarildo explicou que, antes do golpe que afastou a presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, o quadro de servidores do INSS era de 33 mil e hoje é 23 mil. “São 10 mil a menos”, frisou. O pior é que, em vez de fazer concurso público, Bolsonaro quer botar militares na reserva, sem qualificação para exercerem essa função.

Agricultores também prejudicados

O sucateamento também trouxe reflexos para os trabalhadores no campo. Segundo a diretora da CUT-RS e da Fetraf-RS, Cleonice Back, a informatização dos atendimentos pelo INSS Digital está dificultando a concessão de benefícios no interior do RS.

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“Agricultores e agricultoras estão sendo excluídos do sistema da Previdência por não terem acesso à internet. Se não fossem os sindicatos a dar suporte, muitos não poderiam sequer encaminhar o pedido. Se já é complicado acessar a página para quem vive nas grandes cidades, imagine no meio rural, onde às vezes nem telefone uma família tem”, comparou.

“Quando o governo vem com o discurso bonito de que o trabalhador rural ficou de fora da reforma da Previdência, é mentira. Várias instruções normativas já foram publicadas, negando o acesso ao benefício para quem ficou mais de 25 anos debaixo do sol escaldante usando uma enxada.”, denunciou Cleonice.

“Não dá para aceitar calado”

O presidente da Federação Democrática dos Sapateiros do Rio Grande do Sul, João Batista Xavier, lembrou que os ataques ao serviço público ocorrem não apenas em âmbito federal, mas também na esfera estadual, através das políticas de arrocho e parcelamento salarial do governador Eduardo Leite (PSDB).

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“Ele (Leite) aprovou um pacote que ataca o funcionalismo público, retira direitos de diversas categorias, além de aumentar as alíquotas de contribuição dos servidores estaduais. É a mesma coisa que o Paulo Guedes e o Bolsonaro estão fazendo com o país”, afirma.

“Depois da reforma da Previdência, querem empurrar para o povo uma carteira verde e amarela, com menos direitos trabalhistas. Não dá para aceitar calado a tudo isso. Temos de ir pra rua brigar, não somos parasitas, como disse o ministro da Economia”, criticou Batista.

Fanatismo liberal

O deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) afirmou que “o direito à previdência pública digna é uma luta histórica dos trabalhadores do mundo inteiro ao longo de décadas e séculos”. Ele também defendeu a importância dos serviços públicos.

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“Em um período histórico como o de hoje, onde o fanatismo liberal daqueles que não se importam com a concentração de renda chega ao patamar mais elevado, é justamente quando mais precisamos de políticas públicas para a população mais carente”, disse. “Quando alguém precisa de internação médica, de uma cirurgia ou entra em trabalho de parto, não podemos medir a necessidade da pessoa, através de sua conta bancária”, enfatizou Fontana.

Somos todos petroleiros e petroleiras

Os petroleiros e as petroleiras, que completam 14 dias em greve nacional, também participaram da manifestação, receberam o aplauso e a solidariedade de todos os presentes e ressaltaram que estão juntos na luta contra a destruição da Previdência.

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“Apoiar é importante pra gente por que, assim como a venda da Petrobrás, o sucateamento do INSS faz parte de um grande projeto de desmonte do nosso país. O que a elite brasileira quer é escravizar novamente o povo”, apontou o diretor do Sindipetro-RS e da CUT-RS, Dary Beck Filho.

Para ele, “defender a Petrobrás é defender o Brasil e defender o INSS é defender o Brasil”

O ato teve ainda manifestações de dirigentes da CTB, Intersindical, CSP-Conlutas, sindicatos, federações e da vereadora Karen Santos (PSol).

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Fonte: CUT RS

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