Caso as negociações fracassem, os sindicatos prometem uma greve em escala nacional que pode paralisar operações-chave da montadora.
As negociações entre a Volkswagen, o sindicato IG Metall e o conselho de trabalhadores entraram em um impasse, aumentando a tensão entre as partes e a possibilidade de uma greve sem precedentes a partir de 2025. A última rodada de negociações antes do Natal, realizada nesta segunda-feira (16), foi marcada por protestos de mais de 100 mil funcionários em nove fábricas da montadora, enquanto os líderes sindicais e representantes da empresa tentam chegar a um acordo sobre cortes de custos sem fechamento de fábricas ou demissões em massa.
Daniela Cavallo, presidente do conselho de trabalhadores da Volkswagen, reforçou a necessidade de um entendimento que beneficie tanto a empresa quanto os empregados. “Os trabalhadores não querem entrar no Natal com medo”, declarou em um discurso durante um comício em Wolfsburg.
Impasse e ameaça de greve histórica
A IG Metall, sindicato que representa os trabalhadores da Volkswagen, exige que a empresa descarte qualquer possibilidade de fechamento de fábricas ou demissões em massa, enquanto a administração da montadora mantém a posição de que ajustes são necessários para enfrentar a redução da demanda no mercado europeu.
Thorsten Gröger, negociador do IG Metall, afirmou que, se não houver avanço nas negociações, será recomendada uma escalada de ações, com greves de advertência a partir de 1º de janeiro. “Se a Volkswagen insistir em cortes drásticos, estará assumindo a responsabilidade por um confronto trabalhista que esta república não vê há décadas”, disse Gröger.
A paralisação da semana passada, a maior da história da montadora, já sinalizou a insatisfação dos trabalhadores diante das propostas da administração, que incluem a possibilidade de cortes salariais e ajustes na capacidade produtiva.
Proposta dos trabalhadores e posição da Volkswagen
Durante a quarta rodada de negociações, a IG Metall e o conselho de trabalhadores apresentaram um plano para reduzir custos sem comprometer empregos ou fábricas. A proposta inclui a suspensão de aumentos salariais por dois anos e cortes nas remunerações de gestores e membros do conselho de administração.
Apesar disso, a Volkswagen não descartou a possibilidade de fechamento de unidades produtivas. A administração insiste na necessidade de atingir metas financeiras rígidas para garantir a competitividade da marca VW, especialmente diante da crescente concorrência de fabricantes asiáticos no mercado de veículos elétricos.
Histórico e possíveis consequências
O conflito acontece em um momento de transformação para a indústria automobilística, com a transição para veículos elétricos e a necessidade de investimentos em novas tecnologias. A Volkswagen já havia rescindido em setembro o regime de proteção ao emprego, que garantia estabilidade para as fábricas na Alemanha, intensificando a apreensão entre os trabalhadores.
Caso as negociações fracassem, os sindicatos prometem uma greve em escala nacional que pode paralisar operações-chave da montadora. “Estamos prontos para uma ocupação solidária das fábricas”, declarou Cavallo, reforçando que o movimento dos trabalhadores será proporcional à magnitude dos cortes sugeridos pela empresa.
Ambas as partes concordaram em manter as negociações até o final de dezembro. No entanto, se o diálogo não avançar, as negociações serão interrompidas até 2025, ampliando o risco de uma greve prolongada.
A disputa coloca a Volkswagen em um dilema: equilibrar a necessidade de cortes para garantir sua posição no mercado global sem comprometer sua base de trabalhadores na Alemanha, onde está sediada. Enquanto isso, os empregados esperam por um acordo que ofereça estabilidade e preservação de postos de trabalho, evitando que o Natal seja marcado pela incerteza.
A possibilidade de uma greve histórica destaca os desafios enfrentados pela Volkswagen e pela indústria automobilística como um todo, em um cenário de transformação e pressão competitiva global.
Fonte: Vermelho