Mais de 70 mil pessoas foram às ruas de Porto Alegre, na tarde ensolarada deste sábado (3), ampliando a mobilização pelo fim do governo Bolsonaro. Os manifestantes cobraram vacina no braço e comida no prato, fortalecendo a luta por vacina já, emprego, auxílio emergencial de R$ 600 e impeachment já. Também protestaram contra a reforma administrativa e as privatizações.
Aos gritos de “fora Bolsonaro genocida”, “ai, ai, ai, empurra que ele cai”, os participantes se concentraram no Largo Glênio Peres e depois tomaram as avenidas Júlio de Castilhos, Mauá e Loureiro da Silva até o Largo Zumbi dos Palmares, onde a caminhada foi encerrada.
Foi o terceiro dia nacional de atos pelo Fora Bolsonaro e foi chamado de 3J. Como aconteceu nos atos de 29 de maio (29M) e 19 de junho (19J), os atos foram realizados pela manhã e à tarde no Rio Grande do Sul.
Segundo levantamento da Frente Brasil Popular, pelo menos 27 cidades gaúchas registraram atos durante o dia, com maior adesão de trabalhadores, trabalhadoras, jovens, artistas e aposentados.
As manifestações foram organizadas pela CUT-RS, centrais sindicais, movimentos sociais e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Todos usaram máscaras de proteção e procuraram respeitar o distanciamento,
Os protestos foram impulsionados pelas recentes revelações na CPI da Covid de casos de corrupção na compra de vacinas pelo Ministério da Saúde e pelo sucesso das manifestações anteriores.
As manifestações foram transmitidas pelo Facebook e comentadas ao vivo nas páginas da CUT-RS, Brasil de Fato, Rede Soberania, Jornal O Coletivo, RádioCom de Pelotas, Pão com Ovo e Rede Estação Democracia, além de diversas rádios comunitárias, sindicatos e outras parcerias.
Para o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, o crescimento da mobilização comprova que, para a população, o governo é mais perigoso que o vírus. “Como dizia Paulo Freire, é marchando que a gente vai se achando. E será marchando que iremos rumo a um Brasil melhor, um Brasil de direitos. Hoje, continuamos a luta pelo impeachment do presidente, o Fora Bolsonaro, e em defesa da vacina para todos, por emprego e renda”, desta o dirigente sindical.
“Outro ponto que devemos destacar é a nossa crítica à política de privatização dos governos, como energia elétrica e água. São políticas que se somam à pandemia contra os interesses dos trabalhadores e da população brasileira. Somos totalmente contra o desmonte do estado pretendido com a proposta de reforma administrativa”, frisou Amarildo.
Segundo o presidente da CUT-RS, “nós temos a expectativa sim de que ocorra o impeachment, o que exigirá de nós muita perspicácia, inteligência e sabedoria. Precisamos trabalhar bem os simbolismos e buscar cada vez mais todas aquelas pessoas e segmentos da sociedade que querem o fim deste governo. Podemos ver que as cores do protesto ainda são majoritariamente de esquerda, mas o verde e amarelo tem sido reconquistado aos poucos pelas forças progressistas e aparecido cada vez mais. É sinal de que cada vez mais pessoas independentes de partidos e sindicatos vêm engrossando as nossas marchas”.
A secretária-geral da CUT-RS, Vitalina Gonçalves, destacou a importância dos atos para o fortalecimento do “superpedido de impeachment” protocolado na última quarta-feira (30).“Estamos indo para a rua, pois precisamos trazer para o centro da pauta a derrubada do governo Bolsonaro, um governo genocida e corrupto”, afirmou.
Ela lembrou que as denúncias de corrupção na compra de vacinas levaram à antecipação dos atos que estavam previstos inicialmente para o dia 24 de julho. O desafio,sendo Vitalina, é fazer o diálogo com a população, que se encontra oprimida na busca pela sobrevivência, tendo em vista os sucessivos aumentos do custo de alimentos, gás, combustíveis e energia.
O presidente da Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 (Avico), Gustavo Bernardes, destacou que a entidade mobilizou familiares de vítimas para protestar. “Estamos aqui para pedir o fim deste governo genocida, que tem matado milhares de brasileiros com o seu negacionismo e com a falta de políticas públicas para acolher as vítimas da pandemia. Os familiares estão hoje abandonados pelo governo. Nós temos milhares de órfãos”.
“As pessoas estão enlutadas, paralisadas, diante de tanta morte. O governo Bolsonaro vai na direção contrária, que é a política do estado mínimo, que degrada ainda mais o serviço público, de saúde e assistência social, tão importantes para o enfrentamento da pandemia. Nós, da sociedade civil organizada, queremos espaço e voz para fazer o enfrentamento à pandemia. Mas para isso, também é preciso enfrentar este governo genocida”, protestou.
Fonte: CUT RS